24/04/2017
Imagine a sua próxima viagem de algumas centenas de quilômetros. De Curitiba a Maringá, por exemplo. Ou de São Paulo a Barretos. Salvador para Recife.
O meio de transporte mais provável, hoje, talvez seja ir de carro. Mas e se você pudesse aparecer em um aeroporto em uma dessas cidades, ignorar os pontos de controle de segurança, embarcar em um pequeno avião híbrido-elétrico apenas com sua bagagem de mão e aterrissar em seu destino em cerca de uma hora – tudo isso pagando US$ 25 em cada trecho?
Uma empresa chamada Zunum Aero espera tornar isso realidade, para que os futuros viajantes que normalmente tomam um carro, ônibus ou trem para viagens regionais não pensem duas vezes ao considerarem um voo. A startup baseada no estado de Washington, nos Estados Unidos, diz que desde 2013 vem desenvolvendo uma frota de aviões híbrido-elétricos que tornarão esse tipo de voo barato a curtas distâncias possível.
A empresa tem alguns investidores parceiros de peso, incluindo Boeing HorizonX e JetBlue Technology Ventures, subsidiárias das suas respectivas empresas. Ela também enfrenta uma série de concorrentes e obstáculos, particularmente as limitações de bateria. Mas, se bem sucedida, a Zunum pode mudar significativamente o transporte aéreo regional, área em que nas últimas décadas as opções diminuíram e os custos, aumentaram.
A empresa não atua sem concorrentes e detratores. Este ano, uma startup com sede em Massachusetts, chamada Wright Electric, anunciou planos similares de lançar “aeronaves elétricas de zero emissões projetadas para economizar dinheiro e salvar nosso planeta” no intervalo de uma década. Entretanto, a empresa, apoiada pelo fundo de investimentos Y Combinator, disse à BBC News que confia em avanços contínuos na tecnologia de baterias.
“A tecnologia de bateria ainda não existe”, disse Graham Warwick, editor de tecnologia da Aviation Weekly, à BBC. “Está no caminho, mas precisa de uma melhoria significativa. Ninguém acredita que isso acontecerá em breve.”
Ainda é muito cedo para dizer com o que a indústria de aviação comercial se parecerá em meados dos anos 2020 e se o custo na faixa dos US$ 25 será viável. Mesmo agora, não é novidade para companhias de baixo custo, como a Frontier ou a Spirit, oferecer passagens aéreas na casa dos dois dígitos em voos domésticos.
Isso não impediu que outros caíssem de cabeça em projetos de aeronaves híbrido-elétricas. A Airbus também está desenvolvendo seu avião do tipo, o “E-Fan”, desde 2014. Em 2015, ele se tornou o primeiro avião bimotor totalmente elétrico a atravessar o Canal da Mancha. Embora o “E-Fan” tenha apenas dois lugares, a Airbus espera que a tecnologia a levará ao desenvolvimento de um avião com capacidade para transportes regionais ou a um helicóptero.
Os planos para uma aeronave elétrica que lembrm um helicóptero do tipo “VTOL” (sigla em inglês para “decolagem e pouso verticais”) também têm aparecido no Vale do Silício nos últimos tempos. Andrew J. Hawkins, do site The Verge, informou que a Uber, a Airbus, a DARPA e o cofundador do Google, Larry Page, estão todos trabalhando no desenvolvimento de seus próprios VTOLs.
“Porque nada diz mais ‘sou muito rico e detesto pegar trânsito’ do que um projeto de carro voador”, Hawkins escreveu para o site de tecnologia.
Em comunicado, a Boeing HorizonX disse estar confiante no investimento na Zunum Aero “porque sentimos que seu desenvolvimento tecnológico está liderando este emergente e empolgante segmento de mercado dos híbrido-elétricos”.
Simi comparou o impulso dos aviões híbrido-elétricos para o avanço da indústria aérea à mudança dos aviões movidos por hélices para as aeronaves com turbinas a jato.
“É esse o tipo de transformação”, disse Simi. “Estamos muito animados sobre onde isso está indo. Ainda é muito cedo, é claro. Agora temos um espaço na mesa para o que acreditamos será uma mudança surpreendente.”
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br