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Azul investe US$ 850 mi em novos aviões

09/11/2011

Devagar e sempre: esta é a estratégia que a Azul Linhas Aéreas Brasileiras continuará empregando em 2012 para seu crescimento. É o que se pode depreender das palavras de seu presidente, Pedro Janot, e de seu diretor de Comunicação e Marca, Gianfranco Beting, ditas ontem no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), na apresentação da nova aeronave da empresa, o turboélice ATR 72-600. A compra de outras companhias aéreas, uma prática que nunca fez parte do DNA da Azul, parece continuar descartada. "Estamos muito confortáveis com o crescimento orgânico que a empresa vem tendo desde sua fundação", enfatiza Janot. Bater de frente com as líderes do setor também não faz parte dos planos: "A Azul tem a missão de desenvolver novos mercados, não roubar os que estão em mãos da TAM e da Gol", continua ele. Mas isto não significa falta de ousadia: "Compraremos 40 turboélices ATR 72-600 para a frota da empresa até 2015, pelo preço de US$ 850 milhões", revelou Beting ontem - o que é um dos maiores investimentos em aquisição de aeronaves já feito por uma companhia aérea brasileira. Trata-se da repetição, até certo ponto, da estratégia já empregada com sucesso por David Neeleman, o criador da Azul, nas outras aéreas fundadas por ele na América do Norte. "A Azul foi muito bem planejada desde o início de suas operações, em dezembro de 2008. Neeleman tinha obtido grande experiência no setor com a JetBlue Airways nos EUA e a WestJet no Canadá", observa Christian Majczak, especialista em aviação da GO4 Consultoria. "Nestes dois cases ele foi capaz de crescer mais do que o restante do setor usando uma estratégia muito clara: oferecer serviço melhor do que os concorrentes a um preço competitivo. É uma proposta desafiadora, porque guarda em si uma contradição: melhorar o serviço tende a custar mais caro", explica ele. Campinas Ontem, às 11 horas, das 24 posições do painel de voos do aeroporto de Viracopos, 2 eram ocupadas pela Gol, 1 pela Trip Linhas Aéreas e 1 pela TAM. Todas as outras 20 anunciavam embarque ou desembarque da Azul. Isto demonstra o predomínio absoluto que a empresa tem no complexo, que é o grande hub da Azul. "Hoje geramos quase 80% do movimento diário de Viracopos", orgulha-se Janot. Mas ele lembra que a aérea vem se fortalecendo em outros terminais, em especial os de Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Tudo para atrair clientes à sua proposta de aviação regional. "Quando surgimos, TAM e Gol detinham 96% do mercado aéreo do País; hoje, juntas, elas têm cerca de 80%. E a Azul vai entrar em 2012 dona de 10% do mercado, com certeza." "Quando existe preço baixo e alta frequência de serviço, as pessoas voam", afirma Beting. A ideia é usar os ATRs em rotas curtas, nas quais estes são mais econômicos que jatos. "O turboélice impulsiona o transporte aéreo regional porque seu custo é acessível", enfatiza ele. Beting lembra que o auge da aviação regular no Brasil se deu em 1957, quando havia rotas para nada menos que 357 municípios do País. No início dos anos 70, porém, a capilaridade do sistema havia caído dramaticamente: só cerca de 60 cidades eram servidas por voos regulares. Tal situação só começou a mudar no final daquela década, quando turboélices como o Bandeirante, da Embraer, ou os Lockheed Electra começaram a ser adquiridos maciçamente por companhias brasileiras.

Fonte: Alex Ricciardi.

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